Na imaturidade dos 21 anos, tenho a maturidade suficiente para perceber, cada falha na maneira como fui educada. Sempre me deram tudo o que puderam e conseguiram, fizeram o melhor que sabiam, e essa é uma divida de gratidão enorme. Se foi o correcto ou não tenho as minhas duvidas. Liberdade nunca tive, e agora quando era altura de ter tenho medo. Medo de arriscar. Fui tão protegida, e ninguém me disse que o mundo não era um mar de rosas, que agora, tenho medo de sair de pé. Nunca me deixaram bater com a cabeça e aprender com os erros e agora que já tenho maturidade suficiente para perceber que isso vai doer prefiro não arriscar e ficar no porto seguro. Continuo a ser tradada como criança apesar dos 21 anos. Continuo a ter de ouvir sempre um conselho quando estou a fazer qualquer coisa. Continuo a ouvir recomendações como se tivesse 5 anos. Continuo a não poder estar muito tempo sozinha sem virem ver o que estou a fazer. Continuo a ter de ouvir sempre alguma opinião depreciativa a tudo o que eu faço.
Não sou boa o suficiente em nada para pelo menos uma unica vez ouvir um elogio. Agora quando alguém me elogia, não acredito, porque passei a vida toda a ouvir realçarem os defeitos em tudo o que fazia.
Compararem-me com outras raparigas sempre foi para dizer que eram melhor que eu, que a tal fazia e sabia fazer isto e aquilo e eu não. Tenho dificuldade em comunicar e me relacionar com os outros talvez porque sempre tive quem falasse por mim, sempre fui fechada numa redoma e protegida em demasia.
E mesmo assim em momento algum consigo ser totalmente feliz, porque há sempre um sentimento de culpa, por meter os meus interesses à frente dos daqueles que sempre fizeram tudo (até de mais) por mim.
Quero fugir e tenho a porta aberta, mas sabem aquela história dos pássaros que passam tanto tempo na gaiola que quando lhes abrem a porta eles tem medo de sair, pois eu acho que é essa a história da minha vida.
