sábado, 1 de setembro de 2012

Alone



Sempre fui uma rapariga tímida, sempre gostei mais de estar no meu canto, de nunca me meter com ninguém e nunca tive muitos amigos.
Aliás acho que tenho o dom de afastar as pessoas que se aproximem de mim e que ameacem a minha individualidade. Sou egoísta e isso também não ajuda na minha relação com os outros. Nunca fui de muitas conversas. Acho que não percebo as pessoas, aliás não percebo algumas atitudes das pessoas, e como não percebo é difícil aceitar, e é difícil de me relacionar com elas. Agora tudo piorou, terminei a escola e como não tenho dinheiro para ir para a Universidade, já estou à 2 anos em casa, estamos em crise, não é fácil arranjar trabalho, moro numa vila pequena, e nem tenho carta e confesso que não me tenho esforçado muito para arranjar emprego. Depois tenho esse grande problema, que é a falta de jeito para falar e lidar com as pessoas, eu acho que chega até a ser medo, sei lá. Juntando a isso tenho também o pavor a compromissos e a obrigações. Fico muito ansiosa, e não é no bom sentido, quando sei que tenho mesmo de fazer alguma coisa por mais simples que seja, quando já disse que sim e já não posso voltar atrás, principalmente quando isso envolve outras pessoas. Eu sei que tenho de lutar contra isto e tentar relacionar-me mais com as pessoas, mas é muito difícil por em prática e ultimamente tenho feito precisamente o contrário, tenho me fechado cada vez mais em casa.
Eu sei que as pessoas têm razão quando dizem que tenho de deixar de ser tímida, eu própria reconheço isso, mas não é uma coisa que mude de um dia para o outro, se é que algum dia irá mudar. Bem para além de ser tímida, ter o dom de afastar as pessoas, ser egoísta, lidar mal com compromissos e pressões ainda tenho outro problema. Lido mal com as críticas, preocupa-me demasiado a opinião dos outros. Hoje em dia as pessoas criticam tudo e mais alguma coisa e não se respeitam. Eu não sei explicar bem mas fico triste e angustiada com opiniões diferentes da minha. Mas fico ainda mais triste quando as pessoas não sabem mostrar o seu ponto de vista, sem ofender ou rebaixar o outro, só porque pensa de maneira diferente. Toda a gente é capaz de dar bons conselhos: -Tens de deixar de ser tímida; - Não podes ligar ao que os outros dizem ou pensam; - Tens de lutar pelos teus sonhos.... Eu só consigo responder é fácil falar.
Num mundo e numa sociedade onde cada vez mais nos é pedido que sejamos fortes, eu tenho cada vez mais medo de sair de pé, de sair da zona de conforto, de olhar para o futuro. Tenho medo de perder nem sei bem o que. É difícil para mim, ver pessoas da minha idade, e algumas que até andaram comigo na escola, irem à luta e vencerem, e perceber que são tão diferentes de mim. Têm carta, amigos, namorado, foram para a universidade, moram em cidades, foram atrás dos sonhos, outros não foram para a universidade mas trabalham e são felizes, ou pelo menos aparentam ser. Eu fico triste com isso porque eu sou fraca e não consigo lutar pelos meus sonhos. Não posso dizer que sou infeliz o tempo todo, porque existem momentos em que eu sou realmente feliz. Poderia ser mais se este medo não me impedisse de tornar os meus sonhos realidade de tentar buscar a felicidade. Não acredito que seja questão de sorte, ou no meu caso falta dela, porque acredito que a sorte somos nós que a construímos, e por mais que custe admitir eu nunca fiz nada para mudar a minha sorte. Tenho muito medo de tirar os pés do chão, de perder o pé. O medo, que eu teimo em ter por companhia na minha solidão, aquele que não me deixa sair mesmo que a porta esteja aberta, aquele que não me deixa lutar pelos sonhos, mesmo que eu saiba que o tempo não volta atrás e que se eu nunca tentar nunca ninguém o irá fazer por mim e nunca irei saber se conseguia transformar esses sonhos em realidade. Medo, de falhar, medo de me desiludir ainda mais com as pessoas, medo de sofrer, medo das criticas, medo das responsabilidades, medo de desiludir, medo de sair da segurança para o vazio, para a incerteza, medo de não poder voltar atrás. Medo de trocar o que neste momento para mim é tudo, por algo que eu não tenho a certeza se algum dia será alguma coisa. Medo de trocar a única felicidade que eu conheço, pela incerteza de ser feliz ou não.